Os agricultores de São Paulo ficaram sem sementes de feijão para a safra das águas, plantada a partir de setembro, em diferentes regiões do Estado. Segundo a Associação Paulista de Extensão Rural (APAER), a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) não produziu as sementes das cultivares no tempo certo e deixou os produtores na mão.
“As sementes vendidas pela CDRS (Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável) são mais baratas, porque são produzidas em fazendas do próprio Governo, mas nesta safra o agricultor, principalmente o familiar, teve que recorrer ao mercado para formar suas lavouras”, explica Abelardo Gonçalves, vice-presidente da APAER.
Segundo a tabela de preços publicada pelo Estado em maio deste ano, 20 quilos de sementes de feijão na CDRS são vendidos por R$ 120. No mercado, aponta levantamento da APAER, os mesmos 20 quilos chegam a custar mais de R$ 200.
A associação informa que as sementes usadas na safra das águas deveriam ter começado a ser produzidas no primeiro semestre do ano. “Agora, segundo informações que tivemos, o Estado pretende liberar recursos emergenciais para produzir sementes de feijão em 30 hectares, em Avaré, interior do Estado. Mas essa semente só vai estar pronta em dezembro, ou seja, a safra das águas está perdida”, lamenta Gonçalves, que prevê aumento no custo de produção do grão.
No ano passado, o Estado de São Paulo produziu, na safra das águas, 2,4 milhões de sacas de feijão de 60 quilos. A área destinada ao cultivo foi de 52,2 mil hectares, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Milho
Produtores de milho também enfrentaram dificuldades para ter acesso a cultivares, mesmo com sementes no estoque do Estado. Segundo a APAER, com as 574 Casas da Agricultura fechadas por causa da pandemia de Covid-19, os agricultores tiveram de recorrer a apenas 14 postos de distribuição no Estado.
“Esses postos ficam distantes da maioria dos produtores. Faltou à Secretaria de Agricultura e Abastecimento uma estratégia para retomar os serviços seguindo protocolos de segurança”, lamenta Antônio Marchiori, presidente da APAER.
A associação afirma ainda que, caso o produtor não tenha conseguido comprar as sementes nos postos do Estado, o custo de produção vai aumentar bastante. Na CDRS, 20 quilos de sementes de milho custam R$ 106. No mercado, passa de R$ 500 a saca de 16 quilos.
“O Estado está negligenciando esses alimentos que são essenciais para a segurança alimentar da população. Enquanto isso, gasta muito tempo e energia planejando uma reestruturação da secretaria, com previsão de fechamento de 574 Casas da Agricultura, o que causará graves prejuízos aos agricultores”, finaliza Marchiori.
Mais informações:
https://apaerextensao.wixsite.com/apaer
Fonte: Agência Fato Relevante